O Amazonas abriga uma das maiores e mais estratégicas reservas de petróleo e gás do país. Uma área de 332 milhões de metros quadrados, descoberta em 1986 e explorada desde 1988.
Segundo a Petrobras, essa potência energética sustenta boa parte do Norte e do Nordeste, garantindo combustível, geração de renda e estabilidade para setores inteiros da economia.
Mas essa história tem duas faces:
uma fala de potencial; a outra, de estagnação e risco ambiental.
A riqueza que sai, o desenvolvimento que não chega
É impossível ignorar a contradição:
o Amazonas abastece duas grandes regiões brasileiras, mas não vê o mesmo volume de desenvolvimento chegar de volta.
A pergunta que ecoa em Coari e nas cidades vizinhas é simples:
por que a terra que fornece energia para milhões ainda sofre com infraestrutura precária, falta de saneamento, estradas abandonadas e serviços básicos insuficientes?
O que deveria ser um motor de transformação regional frequentemente vira apenas estatística nacional.
Brasil precisa explorar? Sim. Mas não a qualquer custo.
O país precisa de energia para crescer.
O Amazonas precisa de oportunidades, empregos qualificados, investimentos e segurança energética.
Mas o debate ambiental não pode ser tratado como detalhe ou “exagero de ambientalista”.
Estamos falando da região mais sensível do planeta: floresta densa, rios que são estradas naturais, comunidades ribeirinhas e um ecossistema que não permite erro.
Em outras palavras:
explorar é necessário, destruir é inadmissível, e ignorar o impacto social é imperdoável.
O modelo atual de exploração deixa claro um problema recorrente no Brasil:
a riqueza do subsolo não garante riqueza para as pessoas que vivem acima dele.
Para o Amazonas deixar de ser apenas um “depósito energético” e se tornar um polo de prosperidade real, é urgente:
contrapartidas ambientais mais claras, investimentos robustos em saúde, educação e tecnologia, fiscalização que realmente funcione, participação das comunidades no processo decisório, e compromisso político com o desenvolvimento regional, e não apenas com arrecadação.
O Amazonas tem força para ser gigante: energético, ambiental e econômico.
Mas precisa parar de ser visto apenas como fonte e passar a ser tratado como parceiro estratégico.
O Brasil já errou antes em outras regiões exportadoras de recursos.
Repetir o erro na Amazônia seria não apenas injusto, seria irresponsável.
O futuro passa por um ponto de equilíbrio:
crescer sem destruir, explorar sem esgotar, desenvolver sem abandonar quem mora lá



