Itacaré, famosa mundialmente por suas ondas perfeitas, trilhas cinematográficas e pôr do sol que parece retoque de Photoshop, agora ganha manchetes por um motivo bem menos paradisíaco: uma operação da Polícia Federal que investiga fraude em licitação, lavagem de dinheiro e um suposto esquema que teria drenado recursos públicos em contratos firmados pela Prefeitura.
Na manhã desta terça-feira (25), a PF cumpriu 30 mandados de busca e apreensão em diversos municípios baianos — Itabuna, Ilhéus, Itajuípe, Ubaitaba, Jequié e a própria Itacaré — além de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo.
A operação mira possíveis irregularidades em contratos públicos que, segundo as investigações, podem ter sido inflados, direcionados ou simplesmente usados como canais para desvio de verba.
Ou seja: o paraíso do surf pode ter virado também o paraíso da roubalheira.
Turismo em alta, cofres em baixa?
Enquanto Itacaré bate recordes de visitantes, abre novos empreendimentos e se consolida como um dos destinos mais desejados do Nordeste, o dinheiro público, ao que tudo indica, pode não estar surfando a mesma maré positiva.
A suspeita é que empresas ligadas entre si venceram sucessivas licitações, algumas com fortes indícios de combinação prévia. Valores altos, serviços duvidosos e contratos renovados sem clareza levantaram o alerta que culminou na ação de hoje.
Para uma cidade que respira turismo e precisa de infraestrutura funcionando como prancha na água, a notícia cai como um mar revolto em dia de ressaca:
Obras travadas, superfaturadas ou mal executadas prejudicam diretamente moradores e comerciantes.
O nome da cidade vai parar nas manchetes pelos motivos errados.
A credibilidade da gestão pública entra na correnteza.
Em outras palavras: o dinheiro que deveria estar ajudando a cidade a avançar pode ter sido desviado para bolso de gente esperta demais.
A PF agora, deve analisar documentos, extratos, contratos e movimentações financeiras apreendidas para determinar o tamanho do rombo e a responsabilidade de cada envolvido.
Enquanto isso, o cidadão fica com a sensação de que, no Brasil, até o mar cristalino encontra uma nuvem de corrupção para turvar o horizonte.
Se as denúncias se confirmarem, Itacaré terá um desafio enorme:
voltar a ser conhecida apenas pelo surf, e não por ondas de escândalos



