A jornalista Cristina Serra lança, nesta segunda-feira (24), no Centro Cultural Arte Pajuçara, sua nova obra sobre um dos episódios mais traumáticos da história recente de Maceió: o desastre provocado pela mineração de sal-gema pela Braskem, que obrigou mais de 60 mil pessoas a deixarem suas casas e redefiniu o mapa urbano da capital alagoana.
O livro, que chega ao público com rigor investigativo e sensibilidade narrativa, revisita os impactos sociais, ambientais e humanos desse processo que destruiu cinco bairros inteiros — Mutange, Bebedouro, Bom Parto, Pinheiro e parte do Farol — transformando famílias, ruas e memórias em um território fantasma.
O que foi o desastre da Braskem?
Entre as décadas de 1970 e 2010, a Braskem explorou sal-gema no subsolo de Maceió. Essa extração criou grandes cavidades subterrâneas.
A partir de 2018, o solo começou a afundar. Ruas se partiram, casas ruiúram, e os primeiros sinais de instabilidade levaram especialistas a identificar que as minas haviam comprometido a estrutura geológica da região.
Em 2019, o Serviço Geológico do Brasil confirmou o diagnóstico: os bairros estavam literalmente desabando. A área inteira passou a ser considerada de risco e iniciou-se o maior processo de evacuação urbana da história do país. No total, mais de 14 mil imóveis foram condenados.
O deslocamento forçado destruiu comunidades, memórias e uma identidade construída ao longo de décadas.
A importância do livro
A obra de Cristina Serra chega como registro histórico e denúncia. Ela não apenas recompõe os fatos, mas os amarra às vozes das famílias afetadas, revelando a dimensão humana por trás dos números. O livro também ajuda a manter vivo o debate sobre responsabilidade ambiental, reparação e sobre o futuro urbano de uma Maceió que ainda tenta reorganizar-se após a catástrofe.
Mais do que reportagem, o lançamento é um gesto de memória, e um convite para que o país compreenda que um desastre não termina quando as pessoas saem de casa, mas quando suas histórias voltam a ter um lugar.



