Há silêncios que dizem mais do que discursos inflamados. E o silêncio do chamado “deputado da usina” tem ecoado como um tapa no rosto dos trabalhadores que seguem, até hoje, sem receber um centavo do que lhes é devido. Enquanto famílias apertam o orçamento, tiram comida da mesa e vivem a humilhação de não saber como pagar as contas básicas, o parlamentar mantém a mesma postura: nenhuma resposta, nenhum gesto, nenhum pingo de vergonha pública.
Curioso, para não dizer irônico, que alguém tão afeito a dar “chicotadas” nos próprios aliados, expondo-os sem pudor, não tenha a mesma coragem de enfrentar a realidade que ele mesmo ajudou a criar. Talvez sua vocação não fosse a política. Talvez estivesse melhor tangendo gado, como gosta de teatralizar, ao invés de ocupar uma cadeira na ALESE, onde deveria honrar não apenas o mandato, mas o povo que sofre com sua irresponsabilidade.
Hoje, ninguém dentro do agrupamento governista carrega peso maior que ele. É a nódoa mais visível, a mancha mais difícil de explicar. E pior: é o desconforto que segue o governador por onde quer que ele passe. Basta pisar em Capela, Dores ou Siriri para perceber: a população associa, de imediato, a figura do chefe do Executivo aos maus feitos e ao desprezo deste deputado forasteiro. Alguém que nunca sentiu o cheiro da terra, mas que agora deixa um rastro de prejuízo por onde passa.
Sergipe conhece, comenta e repudia. O que falta é que ele, enfim, responda. Porque quem cala diante de famílias prejudicadas não está apenas faltando com o dever — está faltando com o mínimo de humanidade. E, sinceramente, isso não combina com mandato algum.



