Quando a cidade de Belém, capital do Pará, foi anunciada como sede da COP30, a expectativa recaía fortemente sobre a simbólica da Amazônia, e sobre a chance de o Brasil mostrar protagonismo na agenda climática global. Agora, encerrada a conferência, cabe perguntar: o que realmente fica?
- Visibilidade internacional e credencial brasileira
Como sede da COP30, o Brasil assumiu a frente de discussões globais sobre clima, florestas e energia. O secretário-executivo da UNFCCC afirmou que “a COP30 mostrou que a cooperação climática está viva” mesmo em tempos de polarização. Para o Pará, isso significa visibilidade inédita: finalmente a região amazônica aparece não apenas como desafio, mas como palco estratégico de negócios, investimento e transformação econômica.
- Finanças do clima e investimento — promessa de trilhões
Um dos resultados mais concretos foi o avanço na agenda de financiamento climático. A COP30 destacou metas como trilhar US$ 1,3 trilhão por ano em financiamento climático global. E no âmbito brasileiro, o Pará se coloca como polo de “nova economia da floresta”, segundo o governo local. Esse contexto favorece a atração de fundos, parcerias internacionais e investimentos. Componente crucial para setores como créditos de carbono, bioeconomia, turismo ambiental e energia renovável.
- Amazônia como ativo de futuro
Para o Pará, o discurso já mudou: de “problema ambiental” para “ativo estratégico”. Como afirmou o governador do estado: “Nossa intenção é transformar os ativos florestais em um setor estratégico que converta biodiversidade em nova economia”. O que isso significa na prática? Empreendimentos de bioeconomia, cadeias produtivas ligadas à floresta, turismo de natureza, crédito de carbono, energia renovável integrada à infraestrutura regional. Todas com potencial de gerar empregos, renda e inovação.
- Adaptação, justiça climática e inclusão
A COP30 celebrou avanços importantes como o plano de triplicar o financiamento de adaptação até 2035 e a institucionalização de uma “just transition mechanism” (mecanismo de transição justa) para evitar que a mudança para uma economia verde agrave desigualdades. No Pará e no Norte-Nordeste, onde estruturas sociais e econômicas ainda enfrentam defasagens, essa agenda assume papel relevante: não se trata só de reduzir emissões, mas de garantir que comunidades, povos tradicionais e trabalhadores locais façam parte e se beneficiem da nova economia.
- Riscos e trabalho ainda pela frente
É importante dizer: os resultados não foram perfeitos. A COP30 foi considerada por muitos como um compromisso fraco em alguns pontos — especialmente quanto à eliminação de combustíveis fósseis. Mas isso não elimina as oportunidades. Pelo contrário: destaca que o trabalho agora começa fora dos salões dos chefes de Estado e entra na prática local, onde políticas públicas, ambientes de negócios e cooperação privada precisam se mover rápido.
Para o Brasil, e para o Pará em particular, a COP30 deixou um legado que vai além de discursos: uma porta aberta para transformar floresta, biodiversidade, sol e vento em valor econômico real. Não é apenas “salvar a Amazônia”: é investir nela, integrá-la ao desenvolvimento e gerar benefícios concretos para quem vive ali.
Claro, o futuro dependerá de governança, transparência, ambiente de investimento e atenção aos impactos sociais. Mas a semente está plantada, e o horizonte parece promissor para quem enxergar o Pará como parte do novo mapa climático-econômico global.



